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Celia
Sou uma pessoa comunicativa, que adora a vida. Amo minha familia. Sou de Fortaleza, mas moro em Estocolmo desde 1989. Adoro cozinhar.
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segunda-feira, 30 de março de 2009

PostHeaderIcon ONDE MORA O MEU CORACAO.!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!



Outro dia, uma amiga do trabalho, perguntou-me onde morava o meu coracao. Respondi pra ela que na verdade, meu coracao morava em dois lugares. Aqui na Suécia e no Brasil. Ele é um coracao dividido.


No Brasil, tenho toda minha familia, amigos, conhecidos, locais que gosto de visitar, comidas que gosto de comer, lojas que gosto de comprar...etc etc. Está no Brasil e poder estar junto dos meus queridos é uma coisa maravilhosa, e que temos feito a cada 3 anos nesses ultimos 20 anos. Todos ficam a nossa espera, e é sempre com muito carinho que somos recebidos. Quando estamos lá, o lado brasileiro está em festa.


Planejamos fazer tudo que temos saudades. Kurt e Livia, aprenderam tambem a gostar das maravilhas desse pais tao lindo que é o nosso Brasil. Muitas coisas nao dispensamos quando estamos lá. Tomar varias caipirinhas na beira mar ou na praia do futuro, é uma coisa sagrada. Comer um churrasco bem feito com a vinagrete ao lado, andar no calcadao passando pelas lojinhas de artesanato e comprando castanhas, cachaca, rapadura, rede, alfinin, deitar numa rede debaixo das mangueiras lá no sítio, tomar banhos de mar e comer carangueijo ou um peixinho depois é muito bom. Enfim, sao muitas as coisas que fazemos quando estamos lá. Vivo a vida de lá, e fico feliz por ter essa oportunidade de poder fazer de vez em quando. Ter saudades de lá? Claro que tenho, mas na vida, muitas vezes temos que perder alguma coisa pra poder ganhar outra. Foi isso o que aconteceu-me.


Ganhei um pais lindo. Uma familia que recebeu-me de bracos abertos, muitos amigos queridos, uma cultura bem diferente da minha. Costumes e hábitos que estranhei no inicio. Senti falta do meu "mertiolate, aspirina, anador". Senti falta do meu feijao verde, da minha batata doce, da minha farofa. Senti falta do meu idioma.Tudo eu comparava com o Brasil. Os seis primeiros meses, foram uma mistura de adaptacao...saudades...conhecimentos...aprendizado... Tudo eu pensava no Brasil. Meu primeiro natal foi muito estranho.


No Brasil, costumavamos comemorar o natal em familia, junto com primos, tios e tias. Quando fomos pra casa dos meus sogros no primeiro natal, eramos 9 pessoas; Meus sogros, Kurt e eu, minha cunhada/marido e dois filhos. Fiquei pensando, "os outros logo chegarao". Quando percebi ,minha sogra comecou a colocar as comidas na mesa. Perguntei ao Kurt; ela nao vai esperar os outros? Que outros, respondeu-me ele. Seus tios/tias, primos. Dai ele explicou que o natal aqui era só a familia mesmo, ou seja, pais, filhos e netos. Meu Deus que natal mais triste eu achei. Meu coracao que ainda estava mais brasileiro que sueco, chorou.


Quando completou um ano que eu estava aqui, e já falava a complicada lingua sueca, fiz um propósito comigo. Eu estava morando era aqui na Suécia e nao no Brasil. Pra eu ser feliz, teria que evitar fazer comparacoes, só querer usar determinadas coisas do Brasil... Olha minha gente quando eu decidi isso, tudo mudou. Passei a ser uma pessoa mais feliz. Foi ai que meu coracao comecou a se dividir. A ver o encantamento das coisas daqui. Hoje sou uma pessoa totalmente fascinada por essa cidade que é tao linda. Descobri inclusive que aqui tambem tem batata doce, que posso fazer minha farofa com outra coisa similar, encontrei até o feijao parecido com o verde.

Tudo depende da pessoa. Nos podemos dar uma maozinha na felicidade, as vezes.


Meu coracao portanto, é dividido ao meio. Uso o lado brasileiro quando estou lá no Brasil, e o sueco quando estou aqui na Suecia.


Uma coisa quero dizer; quem chegou aqui ou em outra parte do mundo agora, ou está pra se mudar de pais, eu acho que 3 coisas sao importantes.


1. Aprender a lingua.

2. Aceitar a cultura, hábito e costumes do novo país

3. Nao ficar fazendo comparacoes do novo pais, com o anterior.


Acho que com essas 3 coisas desenvolvidas, nosso coracao terá mais chances de ficar dividido igualmente.

7 comentários:

Maria Augusta disse...

Célia, passei por todas estas etapas que você falou, realmente o mais duro é aceitar que não podemos viver em dois mundos e assumir este no qual estamos...com o risco de perdermos o que tínhamos antes e não conseguir conquistar o mesmo do outro lado. Mas é uma escolha que temos que fazer afinal "tudo vale a pena quando a alma não é pequena" e é muito bom quando tudo dá certo.
Um grande beijo.

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Célia, que texto verdadeiro e certíssimo. Comigo se deu a mesma coisa e quando eu deixei de fazer as comparacoes passei a ver outras coisas por aqui que tb têm o seu fascínio. Agora como diz o seu texto, tenho o coracao dividido.
Superei as estapas e sem nenhum parente por perto, nem meu e nem dele. Pois, nós vivemso a 550 km longe da família do meu esposo.
Qdo vamos prá lá é sempre uma festa, rs e qdo vamos ao Brasil é sempre outra festa tb e todos os dias...

Querida, o livro seguiu hoje à tarde. Estava na cidade com as criancas e aproveitei para colocá-lo. Vc vai amar O Catador de conchas, é um romance fascinante.

Um grande beijo e bom proveito.
Fico feliz que vc o escolheu,rs.

Um garnde beijo

Tetê disse...

Que saudade... Não tenho vindo aqui pois achei que você estivesse na correria e não estava blogando... Mas já coloquei a leitura em dia! Lenso o seu post parecia estar ouvindo uma amiga minha, carioca, que casou com um belga e foi morar na Bélgica. Tem bem uns 15 anos e ela sentiu a mesma coisa que você. A diferença é que ela vem todos os anos, em julho e a mãe dela (que é viúva e ela é filha única) vai passar Natal e Ano Novo com ela. Tudo é adaptação, né? Bom te ver de novo! Bjks Tetê

Mirella Matthiesen (mikix) disse...

OI Celia Querida,
Tudo bem?
Que linda essa mensagem que você passou. É tão estranho pensar nisso, pois apesar de amar o Canada e acha-lo minha segunda (ou primera) casa... eu ainda não consigo me ver morando aqui pra sempre... não que eu pense no Brasil.
Acho que fato de ainda não termos filhos e o fato do Kiko e eu sermos brasileiros, a mobilidade deixa a gente sempre arisco :)
Eu aonda quero morar em outros lugares, antes de achar uma morada certa... e nosso Brasil, ele sempre estará lá para nos receber de braços abertos!!! Isso é tão bom!
bjs

Unknown disse...

Celia e isso mesmo,adorei ler o seu texto,e parabens pela sua luta,continue assim,beijocas doces.

Ciça Donner disse...

Eu digo que o meu é bandoleiro, vagabundo e adora usar o lei do "uso capeao". Doi? Nao se a gente fizer exatamente o que vc falou: ser feliz sem fazer comparacoes. Esse é o segredo

Lucia disse...

Eu ja me sinto em casa onde estou. Ate que qdo o homem da alfandiga me disse "welcome home" ao entrar com meu passaporte americano, me senti mesmo em casa.

Minha viagem ao Brasil foi maravilhosa. Voltar pra onde nasci e cresci e rever meus queridos amigos de infancia e adolescencia foi maravilhoso, mas acho que morar la, depois de mais de 16 anos fora, me sentiria como um peixe fora d'agua. Nao ia conseguir. Bjos